Reflexão do Evangelho do dia 26 de Outubro de 2012
Reflexão de Dom Fernando
Antônio Figueiredo para:
Sexta-feira – 26 de
outubro
Lc 12, 54-59:
Discernir os sinais do tempo
Jesus
dirige-se “à multidão” dos ouvintes, que está admirada e não sabe discernir o
significado de sua vinda. “Reconhecendo a natureza do tempo presente, através
dos sinais reveladores da Escritura, devemos conformar a ele as nossas ações”
(S. Basílio). É a última chance oferecida à humanidade para aceder à salvação.
Ano de graça, proclamado por Jesus em sua pregação inaugural em Nazaré. De um
conhecimento, talvez abstrato de Deus, passa-se a um encontro pessoal, à
comunhão viva com Deus. À constante pergunta dos judeus, também dos Apóstolos,
para que ele confirmasse ser o Cristo ou mostrasse o Pai, sua resposta é o
silêncio. Mas para quem sabe entender, é no silêncio que ele declara seu amor à
humanidade. Urge discernir os sinais do tempo. Pois Deus não dá ordens, mas
lança convites: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. O homem pode se fechar à
graça divina. Ele tem sempre a possibilidade de dizer não, porém ao dar seu sim
a Deus, no ato de fé, ele atinge o vertiginoso nível do “faça-se” da livre
criação do Fiat de Deus.
No
início de sua missão pública, Jesus exorta: “Arrependei-vos e crede no
Evangelho”. Não aponta para um espiritualismo moralizante. Ele quer nos
conduzir à cathársis moral, que
compreende a transformação do ser humano todo inteiro, corpo, alma e espírito.
Assim, o apelo “arrependei-vos” é força interior, que envolve e torna novas
criaturas os que o acolhem. É sinal de sua vitória contra o mal e o pecado.
Porém, a multidão não é capaz de reconhecê-lo. Daí a decepção de Jesus ao ver
que ela lê os sinais do tempo meteorológico, mas não reconhece sua missão como
presença renovadora e transfiguradora do mundo.
Este
sinal manifesta-se vigoroso, justamente, porque Jesus não se impõe e, em
nenhuma parte, proclama diretamente sua divindade. Simplesmente pergunta: “Crês
nisto”? A sabedoria dos homens é abalada, os fantasmas das doutrinas se afastam
e temos acesso às revelações. Jesus não é só o objeto da fé, ele é quem a revela.
O abismo do nosso coração aspira ao abismo de Deus, de tal forma que “o nosso
coração está inquieto até que repouse em vós” (S. Agostinho). Uma voz, então, é
ouvida. O desejado sinal traja a veste branca da esperança do Cristo
ressuscitado. Ele nos aguarda no silêncio do seu amor.
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