Reflexão do Evangelho do dia 28 de Outubro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Domingo - 28 de outubro
Mc 10, 46-52: Cura do cego de Jericó
Jesus e os Apóstolos, acompanhados
por uma grande multidão, depararam-se com um cego chamado Bartimeu, sentado à
beira do caminho, pedindo esmola. “Ao ouvir que era Jesus, o Nazareno, que passava,
começou a gritar: ‘Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!’” Seu clamor
perturbou os que caminhavam rumo a Jerusalém, em peregrinação. A voz do cego
une-se a dos antigos profetas, que clamavam pelo poder do Espírito de Deus. Escreve
S., Agostinho: “Este cego, antes numa boa posição social, caiu em conhecida e
célebre miséria, pois não só era cego, mas também clamava sentado: ‘Que eu
possa ver novamente’”. É o momento especial da graça divina. Ele não pode
deixá-la passar. Por isso, tomando conhecimento da presença do Senhor, “ele deixou
a sua veste, deu um pulo e foi até Jesus”. S. Beda vê no cego a própria “Igreja
primitiva dos gentios que almejava a luz de Cristo”. Tal desejo se manifestava
tão forte, continua S. Beda, que “muitos seguiam os ensinamentos do evangelho
desnudos, abandonando os poderes do mundo e assim tornando-se merecedores da
posse do tesouro eterno no céu”.
À pergunta de Jesus: “que queres que eu te faça?”, um suspiro
confiante brota do coração do cego Bartimeu. O tão esperado instante
realiza-se. Assinala S. João Crisóstomo: “Jesus é fiel e ao prometer dar a
salvação, ele a dá por completo, como prometeu”. Não só a cura corporal, mas
livra-o também da cegueira espiritual. A luz divina ilumina seu coração e sua
mente. Clemente de Alexandria, meditando sobre esta passagem, observa: “O cego
recebe a Cristo, recebe o poder de ver, recebe a luz, o Logos eterno de Deus”. E
pondo-se em lugar do cego, diz ele: “Pois até agora eu me encontrava errante
buscando a Deus, mas, como tu me iluminaste Senhor, encontrei não só a Deus
através de ti, mas também por ti recebi o Pai e transformei-me em teu
co-herdeiro, e tu não te envergonhas de teu irmão”. E ele termina, exortando: “Ponhamos fim ao
esquecimento da verdade, rechaçando a ignorância e a treva, que nos impedem a visão
espiritual. Contemplemos a verdade de Deus”.
Finalmente,
diz Jesus ao cego: “Vai, a tua fé te curou”. Ele veio movido pela fé,
implorando do Mestre, Rabbouni, a misericórdia. Agora, com os olhos da fé, ele reconhece
o que os anjos anunciaram a seu respeito em Belém: Jesus é o Cristo, o Filho de
Davi, o Senhor. Movido pelo sopro vital, proveniente do abismo insondável da
sabedoria de Deus, ele toma consciência da própria finitude e, pela fé, abre-se
à graça divina. A fé o curou e o leva a
se tornar discípulo do Messias: “e ele o seguia pelo caminho”. Por isso, exclama
S. Ambrósio: “Ele só podia ver com a condição de seguir o Cristo, de anunciar o
Senhor e de superar o mundo”.
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