Reflexão do Evangelho do dia 25 de Outubro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira – 25 de outubro
Lc 12, 49-53 - Jesus diante de sua Paixão (sinal de contradição)

        O Salvador virá no fim dos tempos para estabelecer seu Reino definitivo de amor, de paz e de justiça. Mas Ele já está presente entre nós. De Maria Santíssima nasceu o Filho de Deus encarnado, “vindo” para a redenção dos pecadores. Morreu no madeiro da cruz, reconciliando-nos com o Pai. No Evangelho de hoje, sua voz eleva-se ao proclamar: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso!” Não o fogo vingador ou o fogo da Geena, da condenação. Ele se refere ao fogo já anunciado por S. João Batista, o fogo do batismo que nos permite renascer para uma nova vida. Aliás, fogo e batismo fluem juntos. João Batista anunciava: “Virá aquele que vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3,16). Comenta S. Cirilo de Alexandria: “Este fogo é a salvífica mensagem do Evangelho e o poder dos seus ensinamentos. O Evangelho inflama todos nós sobre a terra, levando-nos a uma vida de piedade e tornando-nos fervorosos no espírito”. É belíssima a consideração de S. Ambrósio, quando exclama: “O Senhor Jesus enviou este fogo à terra: desde então brilhou a fé, se acendeu a devoção, se iluminou a caridade e resplandeceu a justiça”. As palavras de Jesus remetem-nos também a Pentecostes, já anunciado por Ele, no qual o Espírito seria comunicado aos Apóstolos precisamente sob a forma de línguas de fogo.       
        Orígenes faz algumas considerações em forma de paráfrase ao texto bíblico. Escreve ele: “Quem está perto de mim, diz Jesus, está perto do fogo; quem está longe de mim está longe do Reino”. Neste sentido, o fogo seria consequência da proximidade, portanto, da vinda do Cristo, provocando a alternativa anunciada: Estar em Cristo ou não, deixar-se queimar por Ele ou se excluir do Reino. Deixemo-nos invadir por este fogo, que purifica, ilumina e inspira um reverente temor a Deus e à sua palavra agindo em nós!
        Por conseguinte, a vida cristã se define pela fidelidade a Jesus Cristo, manifestação inefável do amor divino. Deus vem a nós, faz-se homem, e o homem eleva-se à plenitude divina, porque a união das duas naturezas em Cristo é o fim último para o qual o mundo foi criado. Para S. Máximo, “a encarnação e a deificação (santificação) se correspondem e se implicam mutuamente”. Tal ascensão suscita no homem a aspiração pelo que o supera, é o “desejo de eternidade”, ínsito em seu coração. Ele se sente maior que a própria realidade do mundo e, por isso, tentado a se comparar a Deus. No âmago de seu ser, ele faz experiência de sua fundamental liberdade. Ele olvida a graça e se coloca como causa de sua salvação, como pretendia Pelágio. Ou adota o trio espiritual maléfico, no dizer dos monges do deserto, o egoísmo, a ganância e a cobiça. Tornam-se, então, claras as palavras do velho profeta Simeão, dirigidas ao menino Jesus, declarando-o “sinal de contradição”. Acolhe-se ou não o Filho de Deus encarnado como Salvador do gênero humano e recapitulador da história. Coloca-se a favor ou contra ele. O próprio Jesus, no Evangelho de hoje, alerta que “numa casa com cinco pessoas, estarão divididas três contra duas e duas contra três”. S. Ambrósio interpreta dizendo que “cada um de nós é a casa ou de Deus ou do demônio. A casa espiritual é então o homem espiritual. Por isso que nesta casa dois se dividem contra três e três contra dois”. 

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