Reflexão do Evangelho do dia 23 de Outubro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio figueiredo para:
Terça-feira 23 de outubro
Lc 12, 35-38: Prontidão para o retorno do Mestre

        O Senhor deseja que todos estejam espiritualmente preparados, em cada momento, para a vinda do Filho do Homem. Para que os Apóstolos melhor compreendessem, ele conta a parábola do “retorno do Senhor”, após a festa de núpcias. Deus, na figura do esposo, oferece o maior tesouro que se possa imaginar: a participação em seu Reino de paz e de justiça. Porém, corre-se o risco de perdê-lo. Por isso, destaca a parábola, o centro de nossa atenção deve estar na preparação para a vinda do Senhor. As expressões, utilizadas por Jesus, são interpretadas sob esta ótica. Trazer “lâmpadas acesas”, diz S. Agostinho, é manter-se vigilante mediante a prática das boas obras. “Ter os rins cingidos” recorda-nos a cuidadosa instrução dada a Moisés e a Aarão no tocante à Páscoa. S. Agostinho diz ser imagem da continência, entendida como a disposição virtuosa de quem se orienta de acordo com a reta razão, não se deixando guiar pelos movimentos impetuosos das paixões. A Didaqué, primeiro catecismo da Igreja, escrita entre os anos 60 e 80, diz “ser a vigilância absolutamente necessária por não sabermos quando vai dar-se a vinda do Senhor”.  No entanto, quando ele vier, reflete S. Agostinho, “nos recompensará por termos vencido o que a paixão sugeria e termos cumprido o que a caridade ordenava”.  
        A lição prática, haurida do discurso escatológico de Jesus, é a necessidade de vigiar, permanecendo “na Morada, no Templo do Espírito que todos somos pelo batismo” (S. Jerônimo).  A vigilância gera esperança na vinda gloriosa do Senhor. O cristão viverá cada instante da vida, intensamente, pois ele se coloca nos ternos e misericordiosos horizontes do mistério de Deus. Vive o momento presente, segundo Deus, “no cumprimento de sua santíssima vontade” (S. Francisco de Assis). O fato de o Senhor vir na “segunda ou terceira vigília” significa, segundo S. Cirilo de Alexandria, “as três idades de uma pessoa, infância, maturidade e velhice”. Em cada uma delas “o cristão permanece em vigília graças ao arrependimento e à fé”.
         Na expectativa da vinda do Senhor, os cristãos vivem continuamente a prática da virtude e do bem. No dizer do Evangelho, constituem-se “luz do mundo” e “sal da terra”, “imensa reserva de silêncio, de paz, de verdadeira vida que torna possível toda criação boa e durável da história”. Porém, a salvação, para os que não conheceram a luz cristã nesta vida, continua a ser para nós presença do mistério da misericórdia divina. Jamais podemos limitar a ação da bondade de Deus, considerando-a segundo nossas medidas humanas. A luz da transfiguração de Jesus estende-se à humanidade inteira. Pela comunicação do Espírito Santo, ela se realiza em cada pessoa, mantendo sempre o pressuposto da liberdade e de uma vida segundo a reta consciência. Então, ela se torna a grande celebrante da vida e, no abismo da divina sabedoria, vive a vertigem do amor purificador e santificante do Senhor.         

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