Reflexão do Evangelho do dia 15 de Outubro de 2012


                              Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
                                               Segunda-feira – 15 de outubro
                                               Lc 11, 29-32: O sinal de Jonas
        
         Escribas e fariseus não confiam nas palavras de Jesus e não o reconhecem como o Filho de Deus. Fechavam-se em sua incredulidade. Apesar disso, pedem-lhe um sinal do alto. Em sua infinita paciência, o Senhor aponta o profeta Jonas como prenúncio de sua morte e ressurreição e refere-se ao povo de Nínive como figura do novo Povo de Deus. O fato de os fariseus e escribas pedirem um sinal poderia corresponder a um simples costume judaico, resultante da necessidade de autenticar a pregação de um mensageiro de Deus. Porém, antes mesmo de o ouvirem, eles já emitem um julgamento prévio, considerando suas obras como provindas do demônio. Torna-se, então, compreensível a resposta dura e severa de Jesus, que os compara a uma geração adúltera e perversa.
Jesus não os força. Fruto da graça divina, a fé descerra os olhos do coração e os abre à contemplação de Deus. Ela não tolhe a liberdade humana, pois cabe a cada um recusá-la ou acolhê-la. A fé não é obediência abstrata a um imperativo categórico, mas pressupõe o livre dinamismo da natureza humana, em sua orientação para Deus. Os ninivitas respondem livremente ao apelo de Jonas e, em sua pregação, reconhecem o próprio Deus exortando-os à penitência e ao arrependimento. A rainha do sul reconhece a sabedoria de Deus manifestada em Salomão. Porém, os líderes religiosos não acolhem os sinais feitos por Jesus. João Batista fora rejeitado. Agora, eles não acolhem os sinais realizados pelo Messias, o Ungido de Deus, e fecham-se à sua mensagem.
            Ao longo da vida pública de Jesus, não faltam sinais e milagres, cujo objetivo jamais fora mostrar o seu poder ou exibir-se. Prevalecia o desejo de preparar os discípulos para o maior dos milagres, isto é, a sua Ressurreição dos mortos, no terceiro dia. Confessa S. Pedro Crisólogo: “A fuga do profeta Jonas é figura do próprio Senhor. O terrível naufrágio simboliza sua morte e ressurreição. Aos judeus que pediam um sinal, o Senhor decidiu dar um único sinal, para que eles soubessem que a glória messiânica é transferida às nações, a todos os povos. Portanto, com toda justiça, conclui Jesus, os ninivitas hão de se levantar no dia do Julgamento e condená-los, pois eles fizeram penitência por força da pregação de um único profeta. E este profeta era um náufrago, um estrangeiro, um desconhecido”.
O coração de Jesus vibra com a lembrança da conversão dos ninivitas e com o desejo da Rainha do Sul de ouvir a sabedoria de Salomão. E em suave, mas vigoroso apelo, ele diz aos fariseus e escribas: “A Rainha do Sul se levantará no Julgamento juntamente com esta geração e a condenará”. Apelo que leva Orígenes a comentar: “A Igreja cumpre o que é prefigurado pela Rainha do sul oferecendo dons que não são corruptíveis, como o ouro ou os aromas, mas o perfume espiritual da fé, o suor da virtude e o sangue do martírio”. O coração convertido enche-se de luz e de silêncio. 

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