Reflexão do Evangelho do dia 01 de Janeiro de 2013


Terça-feira - 01 de janeiro
Lc 2, 16-21: Santa Mãe de Deus, Maria
           
            Em Belém, pátria de Davi, pastor depois rei, nasceu Jesus, o Messias rei e bom Pastor. Diversos outros paralelismos dão um sabor todo especial ao relato. Ele se refere, por exemplo, ao fato de os pastores, “durante as vigílias da noite, montarem guarda”, salientando a antítese da noite em face à luz, que brilha nas trevas, característica do Natal. Eles velam durante a noite, alusão à recomendação de Jesus aos discípulos, para conservarem-se em atitude espiritual de quem vigia, na expectativa do seu retorno. As parábolas do administrador e das dez virgens prudentes nos exortam à mesma atitude.
            Diante da aparição do anjo, os pastores ficam assustados pelo que presenciam. No entanto, ele os tranquiliza: “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova”. Eles entreveem, então, a luz da glória de Deus, manifestada na terra pela Encarnação do Filho unigênito, que os ilumina. Se a primeira Aliança concretizou-se pela entrada de Moisés na glória de Deus, revelada no Sinai, a nova Aliança, que é o próprio Jesus, permite aos pastores participarem da glória divina e, tornarem-se, como Moisés, anunciadores do que viram e ouviram. Comenta S. Beda: “Os pastores não esconderam no silêncio os mistérios que tinham apreendido por vontade divina, mas os comunicaram a todos quantos podiam”.
            Os pastores encontraram o Menino, “posto numa manjedoura”, Maria e José. Deixando-os, eles irão proclamar o que tinham visto e ouvido, na fidelidade ao que o Senhor lhes tinha mostrado interiormente. Existe real identidade entre a Revelação recebida e o que eles transmitem como testemunhas oculares. Eles permanecem fiéis ao essencial: a saudação do anjo ao Menino com o tríplice nome divino de Salvador, Messias e Senhor. Aquele que nasceu de Maria, deitado numa manjedoura, é presença da santidade e do amor divino. Presença que desvela a realidade de cada criatura em sua beleza interior e na riqueza de sua identidade. Contemplando o recém- nascido, os pastores reconhecem que a vida é expressão gratuita e original do mistério inefável de Deus. Espontaneamente, seus lábios se abrem em louvor e ação de graças.
O relato termina destacando a mãe de Jesus, Maria, “que conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração”. Orígenes irá dizer: “Sem Deus a casa não é construída, mas também não sem a cooperação dos homens”. Acolhendo o dom de Deus, Maria deixa-se envolver pelo poder divino e coloca-se a serviço de todos, no desejo de auxiliá-los a alcançar a grandeza da vida, fruto do amor generoso e gratuito de Deus. A Mãe do Filho de Deus, também nossa Mãe, intercede por nós, para que possamos experimentar a beleza de nossa vida, escondida no mistério do amor divino.

Dom Fernando Antônio Figueiredo

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