Reflexão do evangelho do dia 18 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 18 de dezembro
S. Mt 1, 18-24 – José assume a paternidade legal de Jesus
           
            Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus encarnou-se no seio puríssimo da Virgem Maria. S. Cromácio professa a divina filiação divina, desde toda a eternidade e “o nascimento corpóreo de Jesus no tempo”. Diz ele: “O Filho do Altíssimo assume nossa carne visível para revelar sua invisível divindade”. Mistério inefável, Deus desce até nós, torna-se homem, para elevar-nos à plenitude divina. Em Jesus, dá-se a união das duas naturezas, a divina e a humana, fim último de todas as coisas criadas. S. Irineu dirá que Jesus é a recapitulação do Universo, pois por ele tudo foi criado e para ele tudo converge.
            Manifestação do amor do Pai, a Encarnação é obra da condescendência divina para que todos os homens, sem violentar sua liberdade, possam libertar-se de suas vicissitudes e alcançar a serena felicidade no cumprimento da vontade do Pai. Em sua homilia sobre a Anunciação, Nicolas Cabásilas expressa a ideia de que “a encarnação não foi só obra do Pai, de seu Poder e de seu Espírito, mas também obra da vontade e da fé da Virgem Maria. Sem o consentimento da Imaculada, sem o concurso da fé, esse desígnio seria tão irrealizável como sem a intervenção das três Pessoas divinas”. Na pessoa da Virgem Maria, nas singelas palavras: “eis a serva do Senhor”, a humanidade deu o seu consentimento.
            S. José, homem justo, ao ver Maria grávida, longe de condená-la, guarda respeitoso segredo. S. Jerônimo, com sua habitual profundidade religiosa, comenta: “Como pode José ser declarado “justo”, se ele escondeu a falta de sua esposa? Longe disso. É um testemunho em favor de Maria. Conhecendo sua castidade e tocado pelo que lhe sucede, José esconde, por seu silêncio, o acontecimento do qual ele ignora o mistério”. De modo sucinto, mas direto, S. Jerônimo ressalta a atitude espiritual, quase mística, de S. José. Diante do fato inexplicável da concepção, ele reconhece e respeita o Mistério prenunciado: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, que receberá o nome de Emanuel”. O que leva S. João Crisóstomo a ponderar: “O mistério da Natividade é vivido à luz da História da Salvação. Pois nela vigora a profética expectativa, anunciada por Deus, através das palavras de Isaías”.
            Muito a propósito, S. José é denominado justo, pois ser justo é, antes de tudo, ter o coração e a mente abertos à vontade divina e empenhar-se em realizá-la. E ele cumpre a missão designada por Deus, com carinho e fidelidade. Fiel à sua consciência, formada de acordo com a ordem moral, em sintonia com os princípios da Lei, ele aguarda. Ele ouve o silêncio do mistério, presença do absolutamente Outro, voz a sussurrar no sacrário de sua consciência. Inserido na História da Salvação, em seu amor a Deus, José crê e a obscuridade dolorosa do seu sim torna-se grandiosa, na ressonância do “fiat” de Maria.
         O hino entoado à Virgem Maria não deixa de ter sentido na pureza espiritual e corporal de S. José: “Que em Maria se alegre toda a ordem dos profetas, pois as visões nela encontram o término, as profecias sua realização, os oráculos sua força e seu cumprimento. A árvore da vida que se escondia no meio do paraíso cresceu em Maria. Sua sombra abriga o mundo inteiro, ela oferece seus frutos, longe e perto” (S. Efrém). 

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