Reflexão do Evangelho do dia 05 de Dezembro de 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Quarta-feira – 05 de
dezembro
Mt 15, 29-37 - Multiplicação dos pães (segunda)
Os
milagres de Jesus são sinal do Reino e presença do poder de Deus no mundo. Manifestam
a grandeza de sua misericórdia. De fato, o que os discípulos consideravam
impossível, Jesus irá realizar: alimentar, naquele lugar desértico, a multidão
de pessoas que o seguia, o que nos reporta à ação de Deus, alimentando o povo de
Israel no deserto.
A iniciativa é do
próprio Jesus, que chama os discípulos e lhes diz: “Tenho compaixão da
multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer”. A
palavra compaixão expressa mais do que um simples sentimento. Expressa o fato
de Jesus sentir-se movido em seu interior, em suas entranhas (splagxvízomai), ao
ver aquelas pessoas que, vindas de longe, podiam “desfalecer pelo caminho”. Ele
vai ao encontro delas e de suas necessidades. Ele sugere ao coração dos
discípulos a imagem de um Deus que cuida de seu povo, caso ele permaneça fiel à
sua palavra. Este não passará por necessidades, pois terá em abundância. Escreve
S. Agostinho: “A Palavra de Deus se multiplica, propiciando a todos os povos um
alimento superabundante”. O mesmo dirá S. Hilário: “Aquela multidão é saciada
pela Palavra de Deus, proveniente da Lei e dos profetas, e da abundância do
poder divino, reservado aos pagãos, juntamente com o serviço do alimento
eterno, comunicado aos Doze Apóstolos”. O fato de terem vindo de longe é
interpretado como uma referência aos gentios e pagãos.
Em tais relatos, há
uma alusão à celebração eucarística, também denominada ágape, para significar o
amor generoso e gratuito de Deus, doando-se à humanidade como alimento
espiritual. O termo ágape designa, da mesma forma, a comunidade messiânica, na
qual o cristão não passará por necessidade. Escreve S. Ambrósio: “É a grande
ceia messiânica, oferecida às comunidades provenientes de perto, os judeus, ou
de longe, os pagãos. Para participar dela, mais importante do que lavar as mãos
é purificar o coração a fim de “compreender” que, em Jesus, Deus se fez
presente no íntimo do homem e o alimenta com sua própria vida”. A mesa do Reino
é doravante acessível a todos, mesmo aos pagãos, contanto que eles acolham, no poder
daquele que fez todas as coisas, a Palavra transformadora e renovadora de Deus. É o ágape de Deus, revelado por Cristo no dom
de si mesmo, ritualizado na Eucaristia. Dela participa tão-somente quem vive a
caridade e age movido por ela, pois o mistério de Cristo é ação.
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