Reflexão do Evangelho do dia 20 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira – 20 de dezembro
Lc 1, 26-38: A Anunciação do Senhor
                    
            No anúncio do nascimento de Jesus, Maria encontra-se em oração. O arcanjo Gabriel, que significa “fortaleza de Deus”, aparece-lhe e diz-lhe: “Alegra-te, cheia de graça”.  A Tradição, desde os primeiros anos da Igreja, tem sublinhado o paralelo entre a Virgem Maria e Eva, “mãe de todos os viventes”, entre o “fiat”, o “faça-se” da Anunciação, e a desobediência, causa decisiva do “Pecado Original”.
            Tal paralelismo, acentuado pela Tradição antiga, também pelos comentadores contemporâneos, mostra que, longe de ser artificial, oferece ao acontecimento um alcance absolutamente universal. Observa S. Beda: “Como Eva trouxe no seio toda a humanidade condenada ao pecado, agora Maria traz no seu seio o novo Adão que, com a sua graça, dará vida a uma nova humanidade”. O texto bíblico descreve esse momento ao dizer: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem desposada com um homem que se chamava José”. Segundo o costume judaico, o termo desposada indica um matrimônio real, ainda não consumado: realidade não menos fundamental, e que será destacado desde a origem da Igreja. Escreve S. Ambrósio: “A Escritura tem razão ao especificar as duas coisas: que ela era desposada e virgem: virgem, para que se saiba que não teve relações com um homem”. S. Jerônimo, meditando sobre este texto, destaca: “É uma esposa prometida e uma virgem que permanecerá, tal como, mesmo depois do nascimento de Jesus”. 
            Houve uma origem com o casal Adão e Eva. No princípio da nova criação, também há uma mulher e um homem. José é indicado como sendo “da linhagem”, mas também “da casa de Davi”, fato que atesta o cumprimento das profecias e proclama que Jesus é o Messias esperado e anunciado pelos profetas. A declaração torna-se ainda mais vigorosa ao se dizer: “O anjo Gabriel foi enviado por Deus”. A forma passiva do verbo mostra que a iniciativa vem do alto, acima do anjo Gabriel, ela procede do Deus Altíssimo. O anjo é enviado por ele para anunciar a concepção virginal daquele que é o “Enviado do Pai”, o Messias Salvador.
            A saudação inicial: “Ave, cheia de graça”, não deixa de ter todo um sentido espiritual. Se Maria é efetivamente “cumulada de graça”, o anjo assinala que tal dom não provém dela mesma, mas sim de Deus e de sua suprema benevolência para com a humilde Virgem. Pelo poder transformante do olhar criador de Deus, ela é concebida sem pecado original. Ela é a Imaculada Conceição. Enfim, a forma verbal grega, perfeito passivo, mostra que essa graça lhe foi definitivamente concedida. Quem nascerá dela é o “Filho do Altíssimo” e o seu “Reino não terá fim”. 

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