Reflexão do Evangelho do dia 06 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira – 06 de dezembro
Mt 7, 21.24-29: Verdadeiros discípulos
       
        De modo solene, Jesus proclama: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus”. A fé é condição essencial à salvação. Por isso, o divino Mestre deseja conduzir os discípulos a uma fé autêntica, sedimentada no cumprimento da vontade do Pai e na prática do bem.
 Quem diz Senhor, Senhor, se compromete a seguir Jesus e a viver de acordo com os seus ensinamentos. A vida confere respaldo e consistência à Palavra. Caso contrário, seria uma fala sem conteúdo, vazia, e, pior ainda, não se comprometendo, ele estaria impedindo que a Palavra de Deus, realmente, se efetivasse. Pois, mesmo sendo eficaz nela mesma, ela supõe sempre a colaboração do homem. Deus não força. Ele jamais violenta a vontade humana. Respeita a liberdade de cada pessoa e permanece, ousamos dizer, à espera de sua decisão. “Deus é liberdade e à sua imagem o homem foi criado” (S. Irineu de Lyon).
             S. Jerônimo proclama que a “virtude necessária aos servos de Deus são a vida honesta e a integridade da fé”. Neles não existirá contradição entre o dizer e o fazer. Um requer o outro, completando-se. Escreve S. Bento: “Com tais palavras, o Senhor espera que, dia após dia, nós respondamos com nossos atos às suas santas lições”. Por isso, sustenta S. Cirilo de Alexandria: “Deus conhece os que o amam e ama os que, com todo o coração, crêem nele e fazem o que lhe é agradável”.  
        A seguir, Jesus fala de não construir a casa sobre a areia, mas edificá-la sobre a rocha. Segundo o modo como construímos a casa, somos ou não capazes de sobreviver às tempestades que surgirão, certamente, no decorrer da vida. Subtende-se que a casa ainda está em fase de construção. O que nos consola e nos tranquiliza, pois os preceitos do Sermão da Montanha nos tinham assustado. Descritos pelo Senhor, eles soavam como se devessem ser cumpridos imediatamente e de uma só vez.  Agora, o Senhor abre os horizontes de nossa mente e nos leva a compreender que temos a vida toda para trilhar a via estreita e, assim, construir, pedra por pedra, a nossa morada espiritual. No entanto, em cada instante, requer-se decisão firme e resoluta.
        Construir sobre a rocha significa viver a Palavra e testemunhá-la na prática da fé e das virtudes. Exclama Orígenes: “Todas as perseguições se abatem sobre esta casa e nada obtém, pois ela foi construída sobre a rocha”, que é Jesus. Então, nada nos abalará, pois temos em Jesus a adoção divina e nele participamos da imortalidade. Do amor, desejo de apropriação do amado, passamos ao amor, abertura ao ser inefável. A construção não termina, ela se eterniza. 

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