Reflexão do Evangelho do dia 22 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Sábado -22 de dezembro
Lc 1, 46-56: O Magnificat
           
            À saudação de sua prima Isabel, Maria eleva um hino de ação de graças a Deus pelo que ele tinha realizado em sua vida e pelo reconhecimento do advento do Reino messiânico. O hino se compõe de duas grandes estrofes, uma dos v.46-50 e outra dos v. 51-54, terminando cada uma delas com um louvor à divina misericórdia. O conjunto do hino, de modo profético, proclama o cumprimento da “promessa feita a Abraão”, pois o nascido de seu ventre trará a salvação a todas as nações. Diz S. Efrém: “Maria começa a anunciar o novo Reino e a promessa feita a Abraão encontra finalmente seu sim em Jesus”.        
         Maria expressa seus louvores ao Senhor, exaltando-o. Desejo profundo e íntimo de sua alma, que aspira louvar a Deus, reconhecido como aquele que se volta para os pobres e oprimidos para salvá-los. As bênçãos que cumulam os que temem a Deus contrastam com a miséria “dos homens de coração orgulhoso”. Em sua interioridade, Maria ora, eleva sua prece e, “transportada” a Deus pelo Espírito divino, une-se ao seu Filho e Senhor. É a profunda solidão do encontro com Deus, fonte de sua oração e de seu louvor. Na serenidade de seu coração, ela se deixa conduzir ao silêncio da intimidade divina, onde “saboreia” o Mistério da liberdade e gratuidade do Senhor. Abandona-se, então, à misericórdia inefável daquele que a escolheu para ser a Mãe do seu Filho, pois o Inominável “olhou para a humildade de sua serva” e a agraciou com a sua presença, fonte inspiradora de seu hino de louvor, o Magnificat
            Todas as maravilhas que nela se realizam, ela atribui ao Todo-Poderoso. Afirmação fundamental do Magnificat, o que leva S. Beda a dizer que “ela não atribui nada aos seus méritos, mas reporta toda a sua grandeza ao dom daquele que, potente e grande por natureza, torna seguidores seus, os pequenos e fracos, os grandes e fortes”. E ao proclamar: “Santo é seu Nome”, na bondade vivida como experiência pessoal, Maria reconhece o abismo existente entre a criatura e Deus. Abismo vencido pela misericórdia divina, que abraça a humanidade inteira, pois “sua misericórdia perdura de geração em geração”. Muito a propósito, Orígenes destaca que “a misericórdia de Deus não é só para uma geração, nem para duas ou três, mas se estende para sempre”.
            O magnificat é a serena resposta de Maria à saudação de Isabel. Belo hino de louvor, que, ao rejeitar o ódio e a violência, apregoa a tranquilidade da verdade, incompatível com a postura das falsas grandezas e riquezas. De fato, se a força divina “dispersa os homens de coração orgulhoso e destitui os poderosos de seus tronos”, ela arrebata os humildes de coração e concede-lhes salvação, paz e alegria interior.

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