Reflexão do Evangelho do dia 31 de Dezembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio
Figueiredo para:
Segunda-feira - 31 de dezembro
Jo 1, 1-18: Prólogo de S. João – A
Palavra se fez carne
O Evangelho de S. João inicia-se com
um hino a Jesus, preexistente à criação, da qual ele participa com o Pai eterno:
“No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No
princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi
feito de tudo o que existe”. Ele é o Verbo encarnado, fonte de graça e de
verdade, pelo qual tudo foi criado. Designando-o “Palavra de Deus”, o Evangelista
reporta-se à mentalidade judaica, que se refere à Palavra como sendo criativa e
dinâmica. Os salmos proclamam: “Pela Palavra do Senhor foram feitos os céus” e
o livro da Sabedoria professa o Senhor como o único que tudo criou pela força
de sua Palavra (9,1) e estabelece total correspondência entre “Palavra” e “Sabedoria”.
“Todas as coisas” – em grego pánta,
sem artigo, significa todas e cada uma das coisas feitas por Ele. A preposição “por”
é empregada para indicá-lo não como instrumento ou meio, mas como agente ou
sujeito de tudo quanto foi feito. É a universalidade absoluta da ação criadora
do Verbo divino, que leva o Evangelista a declarar: “Sem Ele nada foi feito”. Diz
S. Agostinho: “Cristo é a Palavra da Vida”, Palavra Vivificadora e Iluminadora,
pois sem deixar de ser Deus, Ele “assumiu de Maria a nossa humanidade para nos
comunicar todas as riquezas de Deus” (S. Agostinho). S. Atanásio professa que
“Jesus assumiu nossa carne, para nos tornar portadores do Espírito Santo”, fonte
de paz, de amor e de perdão.
S. Gregório de Nissa exclama:
“Doente, nossa natureza implorava para ser curada; caída, para ser elevada;
morta, para ressuscitar. Perdemos a posse do bem; era necessário que ele nos
fosse restituído. Fechados, na escuridão, era necessário chegarmos à luz;
cativos, nós esperávamos um Salvador; prisioneiros, a ajuda; escravos, um
libertador”. Daí os cristãos jamais deixarem de proclamar as maravilhas da
Encarnação. S. Agostinho destaca que o Evangelista S. João “depois deste início
magnífico, fala da divindade do Senhor como ninguém jamais falou, pois traduzia
o que ele mesmo tinha visto. Daí, não sem motivo, relatar o fato de ele ter na
Ceia repousado sua cabeça no peito do Senhor”.
Só no final do prólogo, o Evangelista
menciona o nome e o título messiânico “Jesus Cristo”, ponto culminante da
grande sinfonia entoada por ele. Jesus é a luz que veio para afastar as trevas
do mal. Embora muitos a rejeitem, ele continua fiel à sua missão, pois seu
desejo é iluminar todos os corações e, assim, realizar as promessas da Aliança selada
por Deus com o seu Povo: “Eles serão meu povo, e eu, o Deus deles”. Todos os
que o acolhem, são iluminados e tornam-se filhos e filhas de Deus, não por si
mesmos, nem pelo simples fato de acolherem a Palavra de Deus. Quem gera o novo
nascimento, não é a carne nem o sangue, é o próprio Senhor. A nós, cabe-nos, como
contrapartida, a vida de fé, expressa em obras e em atos de misericórdia.
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