Reflexão do Evangelho do dia 25 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça –feira – 25 de Dezembro
Lc 2, 1-14 - Nascimento de Jesus
           
            Natal, vinda do Filho de Deus, que “se torna, escreve S. Beda, partícipe da nossa natureza, tornando-nos participantes da sua graça”. Maravilhado, exclama S. Agostinho: “Desperta, ó homem, por tua causa Deus se fez homem”. A salvação entrou no mundo, pois quem nasceu de Maria é o nosso Salvador, “que assumiu nossa humanidade para nos comunicar as riquezas da vida de Deus” (Orígenes).
            Tudo que é de Deus nos é comunicado por Jesus. Daí anunciarem os anjos aos pastores: “Alegrai-vos, nasceu-vos o Salvador”. Na acolhida do Senhor, luz divina, participamos da alegria dos pastores e somos iluminados por ele. Natal não é um simples momento comovedor e romântico da família. É a celebração da encarnação do Filho de Deus, nascido do seio puríssimo da Virgem Maria. Comemorá-lo é ir ao presépio de Belém e adorar o Menino Jesus, reconhecendo-o como nosso Deus e Salvador. Um Deus que não quis se manifestar em meio às pompas, mas na simplicidade de uma criança e na pobreza de uma manjedoura. Festa dada pelo próprio Pai celestial, que enviou seu Filho para nos salvar e nos reconciliar com ele. Declara S. Ambrósio: “Jesus nasce de um seio materno, mas, igualmente, refulge no céu; jaz num refúgio terreno, mas reina no esplendor celeste!”.
            Reconhecidos, agradecemos o divino presente concedido por Deus. Os enfeites, a festa e os presentes natalinos significam que somos nós os agraciados e presenteados por ele. Nessa compreensão, um presente, embora caro, e um simples e sincero sorriso se equiparam. Da mesma forma, o aperto de mão, que demonstra amizade e solidariedade, e o perdão que oferecemos ao irmão tornam-se sinais da bondade e do amor de Deus para conosco. Noite santa, na qual se eleva o cântico de amor a Deus e se expressa a fé presente no coração dos fiéis, prostrados ao lado do Menino.
Porém, a pureza do momento se embaça e ficamos alarmados com os abusos nos gastos e a sofisticação crescente das celebrações. Espontaneamente, um clamor eleva-se aos céus. Ao nosso redor, jazem crianças sem teto e sem pão, famílias na miséria e desassistidas. Com a voz embargada, unidos aos anjos, entoamos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Paz aos que se solidarizam com seus irmãos e partilham seus bens com generosidade e amor. Pois, como escreve S. Efrém, “no momento em que a divindade desceu e revestiu-se de humanidade os anjos exclamaram: ‘paz na terra’; e quando a humanidade subiu para ser absorvida na divindade e sentar-se à sua direita, gritavam as crianças: ‘paz no céu’, ‘hosana no mais alto dos céus’”.
         Sim, paz na terra, “aos homens de boa vontade, paz para aqueles que acolhem o Cristo nascido entre nós” (S. Jerônimo). A paz penetra suavemente o coração dos que o adoram não pela insistência do querer falar, perguntar, mas pelo silêncio da ausculta e da espera. Nosso coração vibra e um olhar de admiração leva-nos a cantar, em louvor, a presença do Menino Deus. A paz invade nossa alma. Ele não é propriedade nossa, mas vem a nós na radical doação do amor divino e nele abeiramo-nos do abismo do Mistério da gratuidade de nossa própria existência. Tudo é graça, dom gratuito da liberdade divina! 

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