Reflexão do Evangelho do dia 27 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira – 27 de dezembro
Jo. 20, 1-9 – Ressurreição de Jesus (S. João)

                        Primeiro dia da semana, bem cedo, o sol ainda não tinha despontado, Maria Madalena já se dirige ao túmulo de Jesus. A pedra, que estava diante dele, fechando-o, estava removida. Admirada, talvez assustada, ela corre até Simão Pedro e ao outro discípulo, que céleres se dirigem ao túmulo. João vai mais rápido, por causa de sua juventude, também, comentam alguns S. Padres, “pelo seu zelo de amor”. Fariam a verificação, assim dita oficial, do túmulo vazio. Tendo chegado primeiro, o Apóstolo João espera por Pedro, sinal sem dúvida de notável deferência, primeiro sinal de reconhecimento do primado do Apóstolo Pedro.
             Pedro entra, também “o outro discípulo, aquele que tinha chegado primeiro ao túmulo”, e ele “vê e crê”. A Pedro cabe a precedência, a João, o discípulo amado, a fé. É o despontar da fé na ressurreição do Senhor. Ao contrário de Lázaro, a ressurreição não é uma simples retomada da vida anterior. É a entrada definitiva do Senhor na vida, para além da experiência empírica, onde não existe espaço para a morte. Por isso, as dúvidas dos Apóstolos, quando das aparições de Jesus Ressuscitado e a sua insistência em dizer: “sou eu mesmo”. Ou, ainda, em pedir do que comer e, ao estarem todos reunidos, em mandar Tomé tocar as chagas de suas mãos e de seu peito. De fato, no início “eles não tinham ainda compreendido”, pela falta de entendimento, sobretudo, pela ausência de profunda comunhão, necessária para uma apreensão interior do fato ocorrido.
Paulatinamente, foi o mesmo Jesus que lhes revelou o mistério da Ressurreição: sua humanidade submetida, voluntariamente, à condição de nossa natureza humana, assumiu o caráter imortal e incorruptível. O finito e o infinito encontram-se unidos em sua Pessoa. É-nos, assim, permitido chegar à medida do ilimitado. Felizes e admirados, louvamos a bondade generosa do Senhor, pois o que não é possível a Deus, a morte, foi ela assumida por Cristo, o Filho de Deus e o que não é possível a nós, a vida eterna, foi-nos concedida por Cristo em sua Ressurreição.
            Em duas fontes fundamentais, firma-se a profissão de fé na Ressurreição de Jesus: O testemunho histórico do túmulo vazio e, consequentemente, o testemunho das diversas aparições e atos realizados por Jesus ressuscitado e atestados nos Evangelhos. A outra fonte, essencial, atesta que Jesus é origem de uma vida nova, vida eterna. Nele, seus seguidores, pelo Espírito Santo, tornam-se novas criaturas e se transformam, passando do pecado à graça, do erro e da mentira à verdade. Pois, “para contemplar a ressurreição, a pedra deve ser previamente rolada para longe de nossos corações” (S. Pedro Crisólogo). S. Agostinho pergunta-se: “Onde está a morte? Em Cristo, já não existe; existiu, mas morreu ali. Oh vida, morte da morte! Tenhamos coragem, pois ela também morrerá em nós. O que se deu na Cabeça, repetir-se-á nos membros; também em nós morrerá a morte. Mas, quando? No fim do mundo, na ressurreição dos mortos, que cremos e sobre a qual não temos nenhuma dúvida”.

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