Reflexão do Evangelho do dia 04 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 04 de dezembro
Lc 10, 21-24 – Evangelho revelado aos simples

        “Pôs-se Jesus a dizer: Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelastes aos pequeninos”. Observa S. Agostinho: “Os termos ‘céu e terra’ designam toda a criação”. Certamente, o orgulho intelectual, frieza de coração e o fanatismo fecham o homem para as coisas de Deus e de seu Reino. Aliás, o orgulho é a raiz de todos os vícios e exerce grande influência sobre nós, impelindo-nos ao pecado. Jesus contrasta o orgulho com a atitude de uma criança em sua simplicidade e humildade. O simples de coração vê sem pretensões, reconhece sua dependência de Deus e nele confia. As vocações de Davi e de Jeremias são dois exemplos, entre tantos outros, da predileção de Deus pelos pequenos e simples ou, ainda, dos que normalmente estavam excluídos dos planos de Deus e dos desígnios divinos a respeito do Povo eleito. Se Deus opõe-se aos orgulhosos, aos humildes ele confere a sua graça. 
        Por isso, Jesus rende graças ao Pai, pois os simples não se sentem obrigados ou forçados, mas assumem as palavras do Mestre na autonomia de sua liberdade. Diz Jesus: “Escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos”. E, mais adiante, acrescenta: “Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. O verbo conhecer, em seu sentido bíblico, exprime comunhão tanto no pensar como no querer. A filiação de Jesus não é um simples título, mas intimidade, comunhão total e perfeita com o Pai.
          Portanto, graças à simplicidade, Jesus os introduz na intimidade de Deus. Exclama S. Gregório de Nazianzo: “O Senhor se faz pobre; suporta a pobreza de minha carne para que eu alcance os tesouros de sua divindade. Ele tudo tem, de tudo se despoja; por um breve tempo despoja-se mesmo de sua glória para que eu possa participar de sua plenitude”. A maior riqueza comunicada por Jesus à humanidade consiste em ela fazer parte da vida íntima do Pai. O simples alcança, então, a natureza divina pura, sem mistura, e experimenta o amor desmedido, vital, com o qual Deus ama. Seu ser abrasa-se no amor divino, o que leva S. Terezinha do Menino Jesus, agraciada pela simplicidade, a dizer: “Compreendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. Extinto este, os Apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno”.  Mestre Eckhart escreve que o simples sai do seu modo limitado de criatura e, tornando-se livre e vazio, vive a parrehêsia, a amizade confiante com Deus.    

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