Reflexão do Evangelho do dia 08 de Dezembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando
Antônio Figueiredo para:
Sábado – 08 de dezembro
Lc 1, 26-38: A Anunciação
do Senhor
No
anúncio do nascimento de Jesus, Maria encontra-se em oração. O arcanjo Gabriel,
que significa “fortaleza de Deus”, aparece-lhe e diz-lhe: “Alegra-te, cheia de
graça”. A Tradição, desde os primeiros
anos da Igreja, tem sublinhado o paralelo entre a Virgem Maria e Eva, “mãe de
todos os viventes”, entre o “fiat”, o “faça-se” da Anunciação, e a
desobediência, causa decisiva do “Pecado Original”.
Tal
paralelismo, acentuado pela Tradição antiga, também pelos comentadores
contemporâneos, mostra que, longe de ser artificial, oferece ao acontecimento
um alcance absolutamente universal. Observa S. Beda: “Como Eva trouxe no seio
toda a humanidade condenada ao pecado, agora Maria traz no seu seio o novo Adão
que, com a sua graça, dará vida a uma nova humanidade”. O texto bíblico
descreve esse momento ao dizer: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por
Deus a uma virgem desposada com um homem que se chamava José”. Segundo o
costume judaico, o termo desposada indica um matrimônio real, ainda não
consumado: realidade não menos fundamental, e que será destacado desde a origem
da Igreja. Escreve S. Ambrósio: “A Escritura tem razão ao especificar as duas
coisas: que ela era desposada e virgem: virgem, para que se saiba que não teve
relações com um homem”. S. Jerônimo, meditando sobre este texto, destaca: “É
uma esposa prometida e uma virgem que permanecerá, tal como, mesmo depois do
nascimento de Jesus”.
Houve
uma origem com o casal Adão e Eva. No princípio da nova criação, também há uma
mulher e um homem. José é indicado como sendo “da linhagem”, mas também “da
casa de Davi”, fato que atesta o cumprimento das profecias e proclama que Jesus
é o Messias esperado e anunciado pelos profetas. A declaração torna-se ainda
mais vigorosa ao se dizer: “O anjo Gabriel foi enviado por Deus”. A forma
passiva do verbo mostra que a iniciativa vem do alto, acima do anjo Gabriel, ela
procede do Deus Altíssimo. O anjo é enviado por ele para anunciar a concepção
virginal daquele que é o “Enviado do Pai”, o Messias Salvador.
A
saudação inicial: “Ave, cheia de graça”, não deixa de ter todo um sentido
espiritual. Se Maria é efetivamente “cumulada de graça”, o anjo assinala que tal
dom não provém dela mesma, mas sim de Deus e de sua suprema benevolência para
com a humilde Virgem. Pelo poder transformante do olhar criador de Deus, ela é
concebida sem pecado original. Ela é a Imaculada Conceição. Enfim, a forma
verbal grega, perfeito passivo, mostra que essa graça lhe foi definitivamente
concedida. Quem nascerá dela é o “Filho do Altíssimo” e o seu “Reino não terá
fim”.
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