Reflexão do Evangelho do dia 26 de Dezembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quarta-feira – 26 de dezembro
Mt 10, 16-22: Os missionários serão perseguidos

                        Ao anunciar a perseguição a ser movida contra os discípulos pelo ódio de “todos por causa do seu nome”, ressoava ainda o alerta de Jesus: “Eis que vos envio como ovelhas entre lobos”. Palavras assustadoras, medrando receio no coração dos Apóstolos. Jesus os compreende. Por isso imediatamente, ele acrescenta a promessa da Salvação: “Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. Ou ainda: “Pela vossa constância alcançareis a vossa salvação”. Escreve S. João Crisóstomo: “Jesus envia seus discípulos, vestidos de uma só túnica, pés nus, sem levar sequer um bastão, para demonstrar o seu inefável poder”. É-lhes assegurada a Providência divina. Em meio às provações, graças à constância, a boa semente não deixará de dar frutos, pois, como observa S. Hilário de Poitiers, “diante de nosso testemunho será aberta aos pagãos a estrada da fé em Cristo, proclamada pela confissão dos mártires que perseveraram em meio aos suplícios dos torturadores”. A perseverança prolonga a Paixão do Senhor e expressa a doação e a fidelidade dos santos.
            Além da perseguição e da promessa do Senhor, há no relato bíblico um terceiro elemento: o testemunho dado em meio aos sofrimentos e à pregação do Evangelho. “Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer” (v. 19). O Espírito do Pai lhes haverá de sugerir o que devem dizer em sua defesa. Não haverá o que temer. Eles permanecerão serenos e estarão prontos a afrontar o juízo com resolução, na certeza de que o testemunho dado clamará em favor deles diante do tribunal de Deus: “Todo aquele que me reconhecer diante dos homens, também o Filho do homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus” (Lc 12,8). No dizer de S. Ambrósio também nós participaremos “da vida ditosa, da vida feliz, depois da vitória. De fato, terminado o combate, gozaremos da vida na qual a lei da carne não se opõe à lei do espírito. Vida, na qual já não é necessário lutar contra o corpo mortal, porque o mesmo corpo mortal já alcançou a vitória”. Dirá Teodoro de Mopsuéstia: “O discípulo não será mais do que o Mestre, nem o servo mais do que o patrão”, segundo a graça de adoção e não segundo a natureza.
             Portanto, agindo, sustentando e vitalizando todas suas ações, o Evangelho constitui o cerne da vida do missionário. O Senhor o conduz a uma paisagem nova, a um mundo riquíssimo de significados vitais. Tocado em seu coração, o missionário abraça as palavras de Jesus com seriedade e total dedicação. Elas adquirem para ele um sentido real e vigoroso, pois o Evangelho não é algo extrínseco à sua pessoa, não é um objeto, mas força que o envolve e o entusiasma. O Evangelho é o “sujeito” da sua pregação e de seu agir, dimensão fundamental, anterior a todo anúncio. É referência essencial, sem a qual ele é incapaz de falar, e é presença que o capacita à pregação. Se perseguido, por causa do Evangelho e do nome de Jesus, ele estará pronto a ser submetido ao martírio.

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