Reflexão do Evangelho do dia 07 de Dezembro de 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Sexta-feira – 07 de
dezembro
Mt 9, 27-31: Cura de
dois cegos
Os
cegos gritam clamando por Jesus: “Filho de Davi, tem misericórdia de nós!” O
título “filho de Davi” traduz a expectativa popular do Messias, anunciado a
Davi pelo profeta Natan e cuja promessa tinha sido muitas vezes reiterada por
Isaías, Jeremias e outros profetas. O mesmo título será utilizado no anúncio a
Maria pelo anjo Gabriel. O evangelista S. Mateus terá a preocupação de explicá-lo
juridicamente, ligando-o, por nascimento, à “casa de Davi”.
“Tem
misericórdia” suplicam os cegos, exprimindo um sentimento de piedade, tão
natural ao ser humano. Eles refletem a experiência do nada e do despojamento. Igualmente,
a compreensão da vida como fruto da gratuidade do amor. Porém, ao chamá-lo “Filho
de Davi”, eles demonstram sua fé, reconhecendo-o como o Messias de Deus. Comenta S. Hilário: “Os cegos viram porque
creram e não creram porque tinham visto”. A fé manifestada confere ao termo
“misericórdia” todo um sentido divino. Orígenes observa que “Cristo e a Igreja
iluminam nossas almas. Mas só seremos iluminados, se não formos cegos na alma.
De fato, como aquele que é cego nos olhos do corpo não pode receber a luz do
sol e da lua, embora seja iluminado, Cristo nos iluminará caso não seja
impedido pela cegueira de nossa alma. Se porventura existe tal cegueira, é
preciso, em primeiro lugar, seguir a Cristo e clamar, com fé e ardor, Filho de
Davi, tem misericórdia de nós. Seremos, então, iluminados pelo resplendor de
sua luz divina”. Diante do milagre realizado por Jesus, Cromácio de Aquileia
professa que o “Filho de Deus veio para a salvação do gênero humano e, assim,
removida a cegueira do erro e da maldade, todos reconhecem aquele que é a
verdadeira luz”.
Por
cegueira da alma entende-se o fato de estar fechado à possibilidade de manter
vínculos, valores, sentidos e obrigações. Ser curado não é, simplesmente,
livrar-se de algo. Ser curado é assumir um mundo novo. É ter acesso ao novo, ao outro, que, por força
da cegueira, ele não conseguira, até então, ver nem compreender. Sim, a pouco e
pouco sua visão torna-se clara, seu coração liberta-se do egoísmo e as forças e
energias interiores de sua alma adquirem asas, que a elevam à contemplação dos
bens eternos.
Pasmos, lá estão os
que eram cegos! O silêncio envolve-os. Eles balbuciam, pois não encontram
palavras para descrever o que seus olhos físicos veem. Eles experimentam a alétheia,
a verdade, pois nada conseguem esconder e nada permanece escondido a eles. Libertados
e curados, eles entregam-se a Jesus, o “Filho de Davi”.
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