Reflexão do Evangelho do dia 30 de Dezembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio
Figueiredo para:
Domingo – 30 de dezembro (Sagrada
Família)
Lc 2, 41-52 – Jesus entre os doutores
Ao falar da adolescência
de Jesus, os Evangelhos destacam três elementos importantes: O retorno a
Nazaré, a meditação de Maria e o crescimento de Jesus. A passagem bíblica começa
com a subida da Sagrada Família a Jerusalém e termina com a descida para
Nazaré, conferindo a este acontecimento um alcance pascal. Escreve S. Beda: “Sigamos
o exemplo de Jesus em sua vida humana para, assim, contemplarmos a glória da
divindade em seu desejo de habitar a casa paterna”. Aliás, Samuel, já com a
idade de doze anos, começa a profetizar; Salomão manifesta sua sabedoria por
julgamentos famosos e “o jovem Daniel é inspirado pelo Espírito Santo” a provar
aos juízes a calúnia levantada pelos falsos acusadores de Suzana.
O relato da presença de Jesus entre
os doutores da Lei alterna, de modo muito significativo, os verbos “procurar” e
“encontrar”. Os pais de Jesus procuram-no entre os parentes e conhecidos e não o
encontram. O que fazem eles? Voltam a Jerusalém para procurá-lo e o encontram
no Templo. Com profundo significado espiritual, este tema estará presente ao
longo do Evangelho, sugerindo um caminhar interior, inspirado na vida do
Senhor. O fato de tê-lo encontrado após três dias, em meio à inquietude dos
pais, remete-nos ao tempo que Jesus permaneceu no sepulcro e à sua Ressurreição.
S. Ambrósio observa: “Ele é reencontrado depois de três dias no Templo, como se
houvesse esquecido a sua família segundo a carne, e agora no Templo, cheio da
sabedoria e da graça de Deus, revestido de esplendor divino, como em sua Ressurreição”.
No Templo, Jesus estava entre os
doutores da Lei, que o ouviam e eram interrogados por Ele. Comenta Orígenes,
escritor alexandrino: “Ele interrogava os doutores, não para aprender deles
alguma coisa, mas, interrogando-os, ele os formava”. Método empregado pelo
Senhor, em diversas outras ocasiões, ao longo de sua missão pública. Também são
significativas as palavras de Jesus, diante da angústia de sua mãe Maria e de
José: “Não sabíeis que eu tenho de estar na casa do meu Pai?”. Primeiramente, elas
sugerem o Templo, a Casa de Deus, mas também a relação de intimidade única,
trinitária, entre Jesus e o Pai. Afirma S. Beda: “É a declaração de sua glória
e de seu poder coeternos aos de Deus Pai”.
Maria, “sua mãe, guardava tudo isso
em seu coração”, sinal de comunhão íntima com seu Filho Jesus. O “fiat”, dado
por ela, no momento da Anunciação, concretiza-se em cada instante de sua vida.
Maria, Mãe extremosa, José, solícito
no seu silêncio, compõem o belo quadro da infância de Jesus e nos colocam na
dinâmica espiritual do procurar e encontrar. No encontro com o Senhor, nosso
coração se dilata e suas palavras são guardadas e meditadas por nós. A luz
divina dirige nossos passos e ilumina nossa mente para vivermos e respeitarmos
a grandeza da família humana, lugar privilegiado onde os filhos são chamados a
crescer em um ambiente, criado pelos pais, de carinho e de ternura. Nela se
realiza a força integradora de seus membros e a comunhão no amor fundado na
caridade-doação do próprio Deus. Ela será, então, escola de santidade, de
respeito e de solidariedade.
Que a Sagrada Família abençoe nossas
famílias e Jesus nos dê sua graça para que, através da santidade familiar,
nossa sociedade seja sempre mais justa, fraterna e a unidade dos corações seja
uma realidade sempre mais viva entre nós!
Comentários
Postar um comentário