Reflexão do Evangelho do dia 15 de Dezembro de 2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio
Figueiredo para:
Sábado – 15 de dezembro
Mt 17, 10-13: Questões sobre Elias
Deus oferece sinais e suscita profetas
para despertar confiança no coração de seus filhos, preparando-os para a vinda
do Messias. Entre os profetas, sobressaem Isaías e Elias. E o novo Elias já
veio, diz o Evangelho, na pessoa de S. João Batista, o Precursor imediato do
Messias, que, de modo claro e solene, anuncia o batismo de arrependimento e de
conversão. Muito a propósito, S. João Crisóstomo refere-se ao fato de “Jesus chamar
João Batista de Elias, não porque fosse Elias, mas porque realizava o
ministério próprio do profeta, convocando todos à penitência”.
Por ser mudança integral da pessoa, a
conversão não se reduz à dimensão espiritual, o que poderia levar a pessoa a um
álibi para permanecer acomodada ou fechada em seu egoísmo e presa à
interioridade de uma piedade subjetiva e individualista. O resultado seria uma
anemia de espírito. Ao invés, a conversão é deixar-se mover pelo vigor da alma
e do espírito, na dinâmica de uma vida orientada para Deus e para o próximo.
A prática da conversão revela que há
muitas pessoas que possuem uma vida religiosa expressiva de comunhão com Deus.
Mas há também tantas outras que possuem uma vida interior profunda e rica sem,
no entanto, manter um vínculo propriamente religioso. Porém, a cruz surpreende
a todos. Deus não é onipotência. Ele entrega-se à morte para que o homem viva.
Diz S. Agostinho: “Senhor, vós sois mais íntimo que o meu próprio íntimo e mais
sublime que o ápice de meu ser”. Experiência que leva o ser humano a deparar-se
com o inatingível, que não provém das profundezas de seu ser, mas do alto como
dom de uma presença inefável e amorosa. No encontro com Deus, sua resposta será
um ato de fé e de entrega, que enche sua alma de inenarrável doçura e o reveste
de luz e de paz.
Seu ser se sente leve, brotando da
generosidade gratuita do Senhor como a rosa, escreve Angelus Silesius, “que floresce
por florescer”. E quem revela essa fonte não é Elias nem João Batista. Este,
aliás, afirma: “Eu batizo com água”, mas virá quem vos conduzirá à fonte, “e
que vos batizará no Espírito Santo”. João
simplesmente conduz e dispõe seus ouvintes a acolherem a cordialidade do amor
infinito, revelado em Jesus, que os liga à fonte de água viva, inesgotável, brotando
de seu lado, aberto pela lança do soldado romano, no momento de sua morte na
cruz.
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